segunda-feira, 26 de outubro de 2009

REDD é essencial para preservação, defende cientista


Paula Sheidt, do CarbonoBrasil

Citando visitas a Groelândia, onde testemunhou os efeitos do degelo sobre os índios Inuits, e ao Panamá, onde acompanhou a retirada de pessoas de ilhas por causa do aumento no nível dos mares, a cientista britânica Jane Goodall (foto) defendeu nesta segunda-feira (19/10) em Buenos Aires que a proposta de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação (REDD) é uma oportunidade única de proteger as florestas e permitir aos povos locais que permaneçam ali, ajudando a manter sua biodiversidade.

“O REDD é extremamente poderoso, pois trará grandes somas de dinheiro diretamente não só para governos, mas para pessoas locais”, afirmou Jane, conhecida pelo seu longo trabalho junto com primatas na África, durante o XIII Congresso Mundial de Florestas.

Jane citou sua experiência na Gâmbia, onde viu o desmatamento ocorrer no entorno dos Parques de conservação por falta de outras alternativas de sobrevivência das populações que ali viviam. Somente melhorando a condição de vida dessas pessoas, destacou, será possível manter as florestas preservadas.

O mecanismo REDD, que está sendo discutido nas negociações internacionais como uma maneira de recompensar financeiramente países que reduzirem suas taxas de desmatamento, poderia ser usado para proteger florestas ainda intactas, completou. “Hoje já há ferramentas ligadas ao uso de tecnologia de GPS que permitem treinar as pessoas para monitorar as florestas”.

O Google está desenvolvendo um sistema muito simples, explicou Jane, que deve ser lançado durante a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, em dezembro, em Copenhague, quando também é esperado um posicionamento sobre o REDD como ferramenta para alcançar reduções de gases do efeito estufa através da conservação florestal.

Sua opinião sobre as oportunidades para os povos locais é compartilhada pelo vice-diretor da União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), Willian Jackson. “Temos que perceber o potencial das florestas tropicais, não apenas como estoques de carbono, mas também por trazerem outros benefícios sociais e ambientais importantes”, afirmou.

Jackson destaca que o REDD é uma questão de escolha da sociedade e não apenas de mercado, já que seria criado com o intuito de gerar créditos compensatórios pelas emissões feitas por países desenvolvidos. E, principalmente, precisa envolver as pessoas locais. “O desenvolvimento sustentável de florestas precisa incluir todos os atores e o grande desafio é incluir as pessoas que podem ganhar ou perder com isto, como indígenas, que normalmente são os com menores condições de participar das negociações”, disse.
crédito Imagem: Black Hills State University
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