terça-feira, 27 de outubro de 2009

Carlos Nobre: o Brasil pode liderar

Fabíola Ortiz*


O Brasil já deu uma mostra que tem condições de encontrar um caminho de sustentabilidade, defende o pesquisador Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um dos autores do quarto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC) das Nações Unidas. O documento do IPCC, em 2007, serviu de alerta para a possibilidade de desaparecimento de até 30% das espécies do planeta, se a temperatura global aumentar dois graus centígrados.Naquele ano, Nobre recebeu o Prêmio Nobel da Paz juntamente com o ex-vice-Presidente dos Estados Unidos Al Gore.

Depois de participar de diversas conferências do clima, Nobre destaca que o Brasil é um país que tem um papel importante a desempenhar na questão climática. O compromisso em reduzir 80% o desmatamento da Amazônia até 2020, evitando a emissão de 4,8 bilhões de toneladas de CO2 (o principal gás do efeito estufa) é difícil, mas não impossível. “É uma grande redução muito necessária e é possível que o Brasil faça isso”, afirma.

“O Brasil, efetivamente, é um dos países que pode fazer algo a respeito e pode reduzir o ritmo das emissões. Nós podemos buscar uma liderança entre os países tropicais que não são poucos”, acrescenta. O Brasil pode assumir compromissos importantes na próxima reunião de clima em Copenhaguem, na Dinamarca, a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15), marcada para 7 de dezembro. “O país quer se comprometer e deve ser um líder dos países tropicais em desenvolvimento e não apenas dos BRIC (termo referência aos países emergentes e reúne além do Brasil, Índia, Rússia e China) e do IBAS (iniciativa entre Índia, Brasil e África do Sul, para promover a cooperação Sul-Sul)”.

Segundo Carlos Nobre, o padrão brasileiro de emissão de gases de efeito estufa é muito alto, uma das maiores emissões per capita do mundo em desenvolvimento: 6,5 toneladas de CO2 per capita. Apesar de ser uma estimativa precária pela falta de um inventário preciso sobre as emissões brasileiras, estes dados já podem servir como uma referência, considera o cientista que coordena o Centro de Ciência do Sistema Terrestre do Inpe.

O Brasil é hoje o quarto maior emissor de gases de efeito estufa, dos quais 75% são provenientes das queimadas e desmatamentos, mas as emissões brasileiras ainda representam um quarto do padrão de emissão dos Estados Unidos e menos do que a média dos países europeus.
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