sábado, 24 de outubro de 2009

Aumenta a onda de refugiados ambientais


Lester Brown

A civilização do início do século XXI está encurralada entre o avanço dos desertos e a elevação do nível do mar. Se considerarmos a superfície de terras biologicamente produtivas habitáveis por comunidades humanas, a Terra está encolhendo. O aumento da densidade demográfica, antes causada apenas pelo crescimento da população, agora também é alimentado pelo implacável avanço dos desertos, e logo poderá ser afetado pelo aumento previsto do nível do mar. Na medida em que a extração excessiva esgota as reservas aquíferas, milhões mais se veem forçados a se reassentar em busca de água.

A expansão do deserto na África subsaariana, principalmente nos países do Sahel, causa o deslocamento de milhões de pessoas, obrigando-as a seguirem para o sul ou emigrarem para a África do norte. Já em 2006, uma conferência da Organização das Nações Unidas sobre desertificação realizada em Túnis estimou que para 2020 até 60 milhões de pessoas poderão emigrar da África subsaariana para a África setentrional e a Europa. Este fluxo está em curso há muitos anos.

Em meados de outubro de 2003, as autoridades da Itália descobriram um barco que se dirigia a esse país transportando refugiados procedentes da África. A embarcação esteve à deriva mais de duas semanas, ficou sem combustível, alimentos e água. Muitos dos passageiros morreram. No começo, os cadáveres foram jogados na água. Mas, após algum tempo, os sobreviventes ficaram sem forças para levantar os corpos. Deste modo, vivos e mortos compartilharam o bote. Um socorrista descreveu o que viu como “uma cena do inferno de Dante” Alighieri.Leia mais

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