segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Florestas na mira

Por Marcela Valente, da IPS

Buenos Aires, 19/10/2009 – Que papel podem ter as florestas na luta contra a mudança climática? Que impacto têm as árvores plantadas? Quais consequências terá a bioenergia para montanhas e selvas? São perguntas que especialistas, funcionários e empresários de todo o mundo reunidos na Argentina tentarão responder. Com mais de quatro mil participantes procedentes dos cinco continentes, foi aberto ontem em Buenos Aires o XII Congresso Florestal Mundial, organizado pelo governo argentino com apoio da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

O encontro internacional que acontece desde 1926, em geral a cada seis anos, coincide nesta oportunidade com um duplo desafio: o interesse no progresso de projetos florestais que permitam gerar novos empregos e oferecer uma resposta ao crescente aquecimento global. O congresso, que terminará na próxima sexta-feira, se atribui a função de “diagnosticar a situação geral das florestas e do setor florestal para distinguir as capacidades, adaptar as políticas e estimular a conscientização entre os grupos envolvidos e interessados na área florestal”.

“Não queremos que isto seja mais uma feira florestal, mas desejamos abrir um novo ciclo de experiências para os países em desenvolvimento, para fazer negócios e ter acesso a novos investimentos”, disse à IPS o secretário-geral do congresso, o biólogo argentino Leopoldo Montes, sobre o principal viés da reunião. Segundo o programa, haverá sessões plenárias para debater sobre florestas e biodiversidade, produção para o desenvolvimento florestal, conservação e comunidades, entre outros. Também haverá uma rodada de negociações, um fórum de investimentos e financiamento, outro de florestas e energia e um de florestas e mudança climática. Diante do crescente interesse pela bioenergia, os participantes analisarão o uso da madeira para produzir calor e combustíveis líquidos por meio de modernas técnicas desenvolvidas em nações industriais.

Sobre mudança climática, os organizadores do congresso afirmam que as atividades de reflorestamento podem ajudar a mitigar o aquecimento global, com o pressuposto de que, para realizar afotossíntese , os vegetais necessitam de dióxido de carbono. Este é o principal gás causador do efeito estufa, e esperam apresentar recomendações à XV Conferência das Partes da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática que se reunirá em dezembro na cidade de Copenhague. Sobre este ponto há posições muito diferentes, inclusive contrárias. Nem todos os especialistas concordam sobre o impacto de reflorestamento no combate à mudança climática, sobretudo nos casos de monoculturas de rápido crescimento com espécies voltadas ao uso da madeira e da celulose.
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