terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Comércio: O Sul na vanguarda


Por Gustavo Capdevila, da IPS
Genebra, 01/12/2009 – O perfil que se destaca na sétima conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio que acontece esta semana é a ofensiva uniforme lançada em duas frentes pelas nações em desenvolvimento, na defesa de seus interesses comerciais ameaçados pelos países ricos. Em um movimento coordenado, cerca de 110 nações do Sul reclamaram uma conclusão acelerada da Rodada de Doha com o requisito de cumprir os objetivos fixados em novembro de 2001, quando essas negociações foram iniciadas na capital do Qatar.

Em outra avançada mais atrevida, cerca de 20 países em desenvolvimento acordará amanhã uma ampliação do acordo de intercâmbios Sul-Sul, que leva o nome de Sistema Global de Preferências Comerciais entre Países em Desenvolvimento (SGPC), criado em 1976 que reúne, entre outros países, Argélia, Cuba, Egito, Índia, Malásia, Marrocos, Nigéria, Paquistão, Sri Lanka, Vietnã e Zimbábue. Também participam as nações integrantes do Mercosul (Mercado Comum do Sul), bloco formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

No novo acordo os países do SGPC se comprometem a reduzir as tarifas alfandegárias do comércio comum em 20%, sobre um total de 70% das linhas tarifarias. As listas de produtos deverão ficar prontas em junho de 2010 e dois anos mais tarde espera-se aprofundar a abertura comercial do bloco com novas reduções. O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, confirmou que a Rodada de Doha e o SGPC são duas frentes de ação comercial para as nações do Sul. Embora “existam coisas que somente em Doha podem ser resolvidas”, disse à IPS.

A negociação de Doha tem caráter multilateral porque inclui os 153 Estados, ricos e pobres, que integram a OMC. Por outro lado, o SGPC é um acordo plurilateral, com uma gama muito reduzida de setores comerciais concertados e sem um tribunal para resolver as diferenças. Entretanto, Amorim se mostrou mais confiante em um “avanço melhor com o GSPC”. De todo modo, isso não diminui a necessidade de continuar trabalhando em Doha, disse o chanceler em referência a essas negociações que transcorreram todo 2009 sem nenhum progresso. “Não podemos por todos os ovos na mesma cesta”, brincou.
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(Envolverde/IPS)

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