terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Copenhague em transe




Equipe COP15

Nesta terça-feira, segundo dia da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, as negociações foram abaladas pelo vazamento de um documento do governo dinamarquês ao jornal britânico The Guardian. O texto que foi revelado é uma proposta de redação do novo acordo climático. A notícia da existência do documento causou mais impacto do que propriamente seu conteúdo. Um clima de desconfiança entre as delegações voltou às negociações do clima, espantando o otimismo expressado na abertura nesta segunda.

A reação mais enfática à aparição do texto dinamarquês foi do Grupo dos 77 mais China (G77), que reúne as nações em desenvolvimento. Embora pouca gente acredite que o vazamento tenha partido dos anfitriões da conferência, o embaixador sudanês Lumumba Stanislaw Di-Aping avisou que o primeiro ministro dinamarquês vai ter que se explicar sobre o teor do documento.

O embaixador extraordinário para Mudanças Climáticas do governo brasileiro, Sérgio Serra, diminui a importância do documento dinamarquês. Segundo ele, o texto fora apresentado semanas antes para negociadores de vários países e recusado. “O documento revelado hoje é um segredo de polichinelo, pois todo mundo sabia que ele existia.” Na mesma linha opinou o secretário da Convenção do Clima (UNFCCC), Yvo de Boer. “Este documento foi apresentado antes da COP e ele não está sobre a mesa de negociações.”

Os dois pontos que causam mais desconforto na proposta dinamarquesa é a defesa aberta do fim do Protocolo de Kyoto e a falta de metas de longo prazo de financiamento ao combate do aquecimento global. O texto de 12 páginas diz que Copenhague terá um conjunto de decisões que levará à criação de um novo tratado. Como sempre, enterrar Kyoto mexe com os brios do G77. “O que nós precisamos é implementar o que já concordamos no Protocolo de Kyoto”, disse Lumumba. O grupo defende um novo período de compromissos dentro do tratado já existente, ao invés de lançar uma nova estrutura legal.

Conspiração dos ricos?


Mas mesmo que não esteja na pauta dos diplomatas, o agora famoso texto dinamarquês gerou uma reação em cadeia em que ONGs e reprentantes dos países pobres falam na existência de uma conspiração dos ricos para que nada muito ambicioso seja feito em Copenhague. Uma marcha de manifestantes da África foi feita bem no coração do Bella Center, o centro de convenções da COP 15. Aos gritos, pediam um acordo onde a faixa de aquecimento global seja inferior aos 2oC que estão no texto dos anfitriões. (Veja vídeo ao lado com cenas da manifestação).

O porta-voz do G77 entrou no jogo e assegurou que este documento jamais será aceito. “Nós não vamos assinar um acordo injusto que condena 80% da população do planeta por causa de meia dúzia de líderes”, garantiu Lumumba, refirindo-se a impactos mais severos sobre os pobres se os 2oC forem aceitos.
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