quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Clima: medidas de adaptação tornam-se cada vez mais urgentes


Por Paula Scheidt, do CarbonoBrasil




Mesmo que em 2010 todos países começassem a reduzir drasticamente suas emissões, o planeta ainda enfrentaria uma elevação nos termômetros e precisaria se adaptar para manter suas populações saudáveis e evitar grandes perdas econômicas

Nas negociações internacionais do clima, a palavra mitigação sempre aparece com mais destaque que ‘adaptação’. Afinal, diante da aceleração das mudanças climáticas previstas por cientistas, aumenta a pressão para que ações para frear as emissões de gases do efeito estufa comecem imediatamente. Porém justamente porque os efeitos do aquecimento global parecem estar acontecendo mais rápido do que o esperado, a adaptação se torna cada dia mais urgente.

“Mitigar e adaptar são termos que se confundem muito. Adaptação significa colocar em prática medidas para vivermos em um mundo com um clima mais quente e um regime diferente de chuvas”, explica José Gustavo Feres, técnico em planejamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

A porta-voz da Organização Mundial pela Migração (IOM, na sigla em inglês), Jemini Pandya, explica que adaptação é o modo como as pessoas lidam com um mundo que está mudando do ponto de vista ambiental e de recursos naturais disponíveis. “No pior cenário, isto pode significar que as pessoas tenham que deixar suas casas ou terras onde vivem, principalmente aquelas que dependem fortemente dos recursos como água e clima”, afirma Jemini.

Ela ressalta que esta migração pode ser tanto de pessoas do campo para cidades, por causa de fenômenos climáticos extremos mais freqüentes, como tempestades e furações ou secas prolongadas, mas também o caminho inverso, pessoas em áreas urbanas costeiras, por exemplo, que tenham que sair por causa do aumento do nível dos oceanos.

Assim, se há risco do nível do mar engolir bairros inteiros em regiões costeiras, será preciso construir diques para frear este movimento ou, como cita Jemini, mover esta população. Se as temperaturas mais altas e a escassez das chuvas ameaçam a produtividade de alimentos, governos e empresas devem investir em melhores sistemas de irrigação ou no melhoramento genético, por exemplo.

Um estudo divulgado na última semana por um grupo de cientistas brasileiros, chamado A Economia da Mudança do Clima no Brasil: custos e oportunidades mostra que o país perderia o equivalente a um ano inteiro de crescimento nos próximos 40 anos por causa dos efeitos do aquecimento global.Leia mais

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