quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Polêmica
Pesquisadora é contra REDD


Bertha Becker
Árvores não são só postos de armazenamento de carbono


A geógrafa e historiadora, Bertha Becker, criticou o enfoque dado à redução de emissões de carbono nas discussões sobre o compromisso brasileiro de adotar metas contra o desmatamento. “As árvores não são só postos de armazenamento de carbono. A floresta tem mil outras possibilidades de serviço ambiental”, afirmou.

A pesquisadora falou sobre suas propostas de combate à devastação da floresta amazônica nesta segunda-feira (16/11), durante o primeiro dia do evento “Amazônia: Desafios e Perspectivas de Integração Regional”, realizado no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Na ocasião, Bertha disse que, diante do aguçamento das pressões para a tomada de decisões sofre o futuro da Amazônia, é preciso que passemos do uso econômico da estrutura dos recursos naturais ao aproveitamento das funções dos ecossistemas. “Os serviços ambientais são exemplo dessa função diferente dos recursos naturais”, ilustrou.

A estudiosa propôs o aproveitamento sustentável da floresta e disse ser contra o mecanismo de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação (REDD). Para ela, o sistema é falho porque mantém as florestas improdutivas e apenas contém o desmatamento, sem apresentar soluções para suas causas.

Outro questionamento da pesquisadora se refere à indefinição sobre o modo como será feito o pagamento pela conservação de florestas, sugerido pelo REDD. “Quem vai se beneficiar desses recursos? Os governadores da Amazônia, os proprietários de terra? É preciso definir quem vai receber esse dinheiro e como”.

Ela também disse que só é a favor da concessão para manejo florestal em áreas de mata aberta da floresta amazônica- vegetação de transição entre Amazônia e outros biomas. Os locais de mata densa, a pesquisadora defende que sejam mantidos intactos.

Bertha não defende, no entanto, o isolamento produtivo da floresta, mas sim, propõe como atividade econômica o extrativismo não madeireiro, que se utilize de tecnologia avançada para a transformação de matérias-primas florestais por uma cadeia completa. “Para isso, é necessário articulação da floresta com a cidade. As cidades amazônicas devem ser reagrupadas com redes de informação e centros de serviço e processamento da produção feita a partir das matérias-primas que virão da floresta”, sugeriu.

A pesquisadora chamou as cidades de sua proposta de “cidades de bioprodução, pesquisa e serviços ambientais”. E propôs que, nesses locais, a ciência tenha preocupação com o desenvolvimento de métodos para que a indústria madeireira se torne sustentável e a madeira seja, inclusive, usada como fonte de energia produzida a partir de biomassa. Ela também defendeu investimentos em turismo e criticou a dependência da Amazônia ao mercado externo.

“Não adianta construir uma logística ultramoderna na região se não for mudada nossa dependência do exterior. O agronegócio e a produção de minérios, que dominam a Amazônia, têm cadeias produtivas incompletas, que não desenvolvem a região”.
(Amazonia.org.br)
Foto:Adotejá

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