domingo, 22 de novembro de 2009

História dos quilombos é marcada por lutas e desigualdades sociais, afirmam especialistas

Os primeiros quilombolas surgiram no período colonial, quando escravos fugiam das fazendas e das pequenas propriedades onde trabalhavam de maneira forçada, para formar pequenos vilarejos. Da escravatura à democracia, muita coisa mudou, mas os ideiais dos moradores dessas comunidades ainda permanecem: o desejo a terra, o acesso à informação, a preservação dos costumes dos povos e, principalmente, o direito à liberdade que a Constituição brasileira assegura.

Marcados por seus ideiais, as comunidades quilombolas têm sido alvo de estudos comportamentais e, posteriormente se tornam pesquisas de graduação, mestrado e doutorado. É o caso de Marcos Vinícius de Brito, graduado em história, desenvolveu como trabalho de conclusão de curso uma pesquisa sobre a cultura afro-brasileira e cita em um trecho do trabalho a maior comunidade quilombola do Brasil: os Calungas, que vivem na região de Cavalcante, interior de Goiás. Durante o estudo, ele pôde comprovar e desmistificar algumas questões desse povoado.

“Estudei a fundo na história dos quilombos. Percebi que a maioria das comunidades, apesar de preservar um pouco da própria cultura religiosa, cultuavam muito o catolicismo. Embora venham de uma tradição afrodescendente, sequer gostam de mencionar, por exemplo, a questão dos orixás.”

O acesso à educação, à tecnologia e à própria saúde ainda é desafio às comunidades quilombolas que inicialmente precisam lutar pela posse da terra e, a partir desse ponto, reconhecidos legalmente, buscar melhorias para a população integrante. A professora e doutora em história, Joelma Rodrigues, afirma que a questão quilombola sofre influências da localidade que ocupa.

“Ainda há uma disparidade muito grande em relação às comunidades quilombolas. As que ficam próximas aos centros urbanos têm acesso a educação. É preciso que essa população estude sua própria história para não correr o risco de desaparecer. Ainda temos o ponto da legalização das terras, que envolvem fatores políticos e econômicos.”

O deputado federal Chico Alencar (P-SOL-RJ) acredita que as comunidades quilombolas serão preservadas para manter viva a cultura e a própria construção histórica no país. “Tenho a convicção de que elas vão ser preservadas e, com amparo político, social, e cultural, vão crescer. Terão uma originalidade respeitada. Porque ali é sítio histórico, patrimônio da cultura brasileira, que, se preservado, só tende a crescer.”

A garantia do acesso a terra, relacionada à identidade étnica como condição essencial para a preservação dessas comunidades, tornou-se uma forma de compensar a injustiça histórica cometida contra a população negra no Brasil, aliando dignidade social à preservação do patrimônio material e imaterial brasileiro. Alterar as condições de vida nas comunidades remanescentes de quilombos, por meio da regularização da posse da terra, do estímulo ao desenvolvimento sustentável e do apoio às associações representativas, são objetivos estratégicos. (Fonte: Agência Brasil)

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