segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Chaminés livres do dióxido de carbono


Por Fabiana Frayssinet*


Belo Horizonte, 9 de novembro (Terramérica).- Cientistas brasileiros desenvolveram uma técnica para absorver moléculas de dióxido de carbono de origem industrial antes que esse gás chegue à atmosfera. O segredo está em esferas de cerâmica de meio centímetro de diâmetro. A técnica de baixo custo foi concebida por uma equipe do Departamento de Química da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Os inventores explicaram ao Terramérica que este método supera as técnicas atuais que capturam carbono na forma gasosa, uma das substâncias que está provocando o aquecimento do planeta.

As esferas neutralizam o carbono antes que se dissipe no ar e ainda o transformam em insumo para outros usos industriais. Instaladas nas chaminés, as pequenas esferas, feitas de um material poroso e branco especialmente formulado, absorvem o dióxido de carbono resultante de processos industriais, evitando que entre em contato com a atmosfera, disse ao Terramérica um dos inventores, o professor de química Geraldo Magela Lima, da UFMG. A tecnologia pode ser aplicada em siderúrgicas, fábricas de cimento, centrais termelétricas, ou em indústrias de menor porte, como padarias, que também funcionam queimando combustíveis fósseis.

A absorção do gás ocorre por meio de um processo químico. Ao entrar em contato com o material das esferas, ocorre uma interação por reação química a altas temperaturas, descreveu outro dos pesquisadores, Jadson Belchior. “A absorção não é instantânea. Ocorre em função do tempo e da temperatura. São duas grandes variáveis que podemos controlar: uma emissão mais rápida com temperaturas mais altas ou uma emissão mais lenta com temperaturas menores”, acrescentou.

Belchior destacou que, ao contrário de outras técnicas para capturar gases de efeito estufa, esta absorve o dióxido de carbono antes que ele seja liberado na atmosfera. “No nosso caso, estamos prevenindo a emissão. No caso da tecnologia desenvolvida para capturar o gás que já está na atmosfera, é uma correção porque o gás já foi liberado” e já houve a contaminação, acrescentou Belchior.

Os processos para absorver gases de efeito estufa, responsáveis pela mudança climática, estão baseados, em sua maioria, na premissa de que uma atividade contaminante pode compensar ao menos parcialmente seu dano em uma etapa posterior e inclusive em qualquer outro lugar do planeta. É aí que reside a novidade desta técnica, que inverte o caminho, ao impedir que a contaminação aconteça e, portanto, compromete as empresas desde o início de sua atividade produtiva.
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