quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Queimadas tornam Mato Grosso maior emissor de poluentes


Em tempos de queimadas e clima seco, Mato Grosso emite 20 vezes mais monóxido de carbono na atmosfera que a cidade de São Paulo, maior polo industrial do país. Diariamente, o Estado lança no ar 200 toneladas deste gás que faz mal à saúde e provoca problemas respiratórios. A informação é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O pesquisador Saulo Freitas explica que todo processo de combustão gera reações químicas com liberação de dióxido de carbono e monóxido de carbono, além de material particulado na atmosfera. O primeiro gás é responsável pelo efeito estufa, que provoca o super aquecimento da terra.

Já o monóxido de carbono, quando respirado em excesso, ocasiona problemas respiratórios, afetando especialmente crianças e adultos. O material particulado contribui para estes problemas, uma vez que fica em suspensão no ar e se aloja nos pulmões, quando respirado.

Saulo destaca que o tempo seco e a baixa umidade relativa do ar agravam a situação, uma vez que contribuem com a duração das queimadas e permite que materiais tóxicos permaneçam por mais tempo em suspensão na atmosfera.

O pesquisador comenta ainda que Cuiabá, pela posição geográfica, termina recebendo o impacto das queimadas do interior do Estado, como ocorreu em Marcelândia (710 km ao norte da Capital). Os ventos seguem do norte para sul e carregando gases e materiais particulados.

Cuiabá termina ficando sobrecarregado uma vez que sofre ainda com produção industrial, queimadas urbanas frequentes e uso intenso de veículos. Saulo destaca que este cenário é típico para esta época do ano, que segue até outubro, voltando à normalidade com o retorno das chuvas.

Em Mato Grosso, a prevalência de queimadas ocorre especialmente em áreas rurais, onde é feito desmate para instalação de agricultura ou pecuária. Um exemplo claro do problema das queimadas é Tangará da Serra, conforme a professora Antônia Maria Rosa, da Universidade de Mato Grosso (Unemat).

Ela destaca que a taxa de internações por doenças respiratórias na infância é diferente de acordo com cada região do Estado. Porém, ressalta que os maiores índices, no ano de 2005, se concentraram em Tangará da Serra, onde existe muita queima de biomassa para o corte da cana. Ela pontua ainda as cidades de Canarana, Arinos e Alta Floresta como locais de maior incidência de problemas respiratórios em crianças.

Antônia participará da pesquisa “Prevalência de doenças respiratórias e variáveis ambientais em crianças Cuiabá - MT”, em parceria com a Fiocruz. A coleta de dados teve início nesta segunda-feira.

(Amazônia.org.br)

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