Anualmente um teste revela uma falha gritante no ensino superior no Brasil: a
imensa maioria dos alunos de direito não passa nas provas da OAB e, assim, não
obtém seu certificado para que possam advogar.
Se a população já fica escandalizada com o despreparo desses estudantes,
imagine, então, a reação num teste obrigatório aplicado aos formandos das
escolas de medicina --afinal, vidas estão nas mãos deles.
O Conselho Regional de Medicina anuncia nesta semana, segundo jornal "O
Estado de S.Paulo", que o Conselho Regional de Medicina de São Paulo vai exigir
que, para tirar seu certificado, o estudante terá de fazer uma prova.
A julgar pelo teste voluntário realizado em anos passados, se verá que muitos
alunos simplesmente não teriam condições de tratar de pessoas sem colocá-las em
risco.
Mas o teste, por uma questão legal, não é eliminatório. O estudante pode
tirar zero e mesmo assim ganhar seu registro. Ou seja, a população continua
indefesa, exceto se, na hora da consulta, exigir ver o certificado. E não apenas
o diploma.
Suponho que as provas voluntárias sejam feitas entre os alunos que se sentem
mais preparados. O que será ainda mais revelador com o teste obrigatório.
A cada dia expomos mais nosso acerto de contas com o passado pelo fato de o
país não colocar a educação no topo da agenda --e deixar prosperar um ensino
superior de péssima qualidade.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/
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