segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Indios contra a sujeira de Brasília





Documentário narra conflito de bairro “ecologicamente correto” em Brasília e índios Fulni-ô, Tuxá e Cariri-Xocó, que resistem à invasão de suas terras pelos bilionários interesses imobiliários.



Há menos de um mês foi lançado o documentário Sagrada Terra Especulada, produzido pelo coletivo do Centro de Mídia Independente (CMI) de Brasília. O filme de 70 minutos conta a história da resistência civil não-violenta contra a construção doNordeste, aclamado pelo governo do Distrito Federal como o primeiro bairro ecologicamente correto do Brasil.



O projeto urbanístico em si pode até render elogios: pretende-se que os materiais utilizados na construção sejam todos certificados, haverá sistemas de drenagem para aumentar a infiltração da água da chuva pelo solo, a coleta de lixo se dará por sucção, ciclovias se estenderão por todas as ruas e os chuveiros elétricos estarão proibidos, assim como o uso de ar-condicionado.


O problema é que o governo quer concretizar o bairro verde em cima de onde, hoje, está uma das poucas áreas de preservação ambiental de Brasília. E, pior, onde sobrevivem os últimos remanescentes indígenas dos povos ancestrais que um dia habitaram o Planalto Central.



Onde o poder público e a especulação imobiliária querem erguer o Noroeste, atualmente se encontra a Terra Indígena do Bananal, também conhecida como Santuário dos Pajés, porque abriga o único templo dedicado à religiosidade indígena na “capital de todos os brasileiros”.


Para completar a equação, cabe lembrar que o Noroeste, cujos apartamentos estão à venda há mais de um ano, tem o metro quadrado mais caro do país. Uma quitinete naquelas paragens está sendo negociada por até 500 mil reais.



Antes de ser flagrado num dos maiores escândalos de corrupção da história do país, o ex-governador José Roberto Arruda era seu maior defensor. Paulo Octavio, seu vice naquele então, é dono da construtora que lidera o empreendimento.



Com imagens inéditas das manifestações realizadas durante todo o processo de negociação e implementação do Noroeste, das mais sutis às que geraram respostas violentas por parte do Estado, Sagrada Terra Especulada conta a história do Noroeste a partir do ponto de vista dos que resistem ao projeto: os índios Fulni-ô, Tuxá e Cariri-Xocó que resistem à invasão de suas terras pelos interesses imobiliários, e os estudantes, acadêmicos, defensores públicos e militantes da sociedade civil que enxergam na luta dos remanescentes indígenas um espelho de sua própria luta contra a sujeira e os privilégios gritantes da política brasiliense.Tadeu Breda



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